PASSEI 25 ANOS LUTANDO CONTRA O ALCOOLISMO| Histórias de ter.a.pia
ter.a.pia ter.a.pia
357K subscribers
26,808 views
2.6K

 Published On Jan 4, 2024

O Victor enfrentou uma luta muito dura contra o alcoolismo. Foram 25 anos e algumas tentativas em tirar a própria vida antes dele finalmente encontrar a sobriedade.

Aos 12 anos, ele teve o seu primeiro contato com o álcool. Logo neste primeiro contato, ele ficou bêbado e inconsciente.

Naquela noite, ele não conseguiu voltar para casa sozinho. A avó dele o achou caído em uma plantação próxima da casa onde moravam e o trouxe de volta pra casa.

Ver o estado em que o neto ficou fez com que ela chorasse muito. Por outro lado, o Victor se sentiu muito bem após ter se recuperado.

Isso porque tinha sido a primeira vez que ele se sentia mais comunicativo, extrovertido e sociável. Nisso, foi assim que a relação com o álcool foi se tornando totalmente disfuncional.

Porém, ele não percebeu que o consumo de álcool não era saudável. Além dele ter sido muito novo e de não ter tido maturidade o suficiente, as pessoas no colégio celebravam a cada vez que ele ficava bêbado.

Todas as percepções que ele tinha de si mesmo enquanto estava alcoolizado eram validadas pelos amigos e colegas. Ele, que era apenas um garoto começando a formar a sua personalidade, passou a acreditar que ele só era uma pessoa interessante enquanto estava bêbado.

Aos 16, o consumo de bebidas alcoólicas se tornou diário. Na mesma época, ele conheceu uma colega que viria a se tornar a mãe da filha dele.

Eles começaram a se relacionar e alguns anos depois, ela engravidou. A gravidez não planejada se tornou um problema dentro da casa do Victor, porque os pais não apoiavam uma gestação naquele momento.

A relação com os pais, que já era difícil, piorou. A filha dele nasceu e, aos 22 anos, ele já era pai e alcoólatra.

Muitas pessoas ao redor dele o alertaram sobre o abuso de álcool, mas ele não conseguia compreender a preocupação delas. Ele chegava a se envolver em confusões quando alguém o contrariava sobre o álcool.

Com o passar dos anos, o consumo foi aumentando e consequentemente, as brigas também. Devido às brigas, ele decidiu ir embora.

Depois de ter saído de casa, ele lidou com um período de bastante instabilidade. Sem moradia, ele dormia na casa de várias pessoas, até conhecer uma outra mulher, que mais tarde, se tornaria a sua esposa.

Ela já tinha um filho PcD e o Victor gostava muito da criança. Em 2009, eles se casaram e ele acreditava que a relação estava indo muito bem.

Contudo, o alcoolismo atrapalhou essa relação. O Victor precisava do álcool para ser feliz e isso desequilibrou o relacionamento deles.

Por outro lado, o Victor nutria um grande afeto pelo enteado, mas ele também acredita que transferiu o seu amor de pai para o menino. Ou seja, ele enxergou no enteado a chance de se tornar o pai que ele nunca havia sido para a própria filha biológica.

Victor esteve ao lado da ex-esposa e do filho até o momento em que ele partiu. O filho tinha diversos problemas de saúde e, infelizmente, foi uma das pessoas vitimadas pela Covid-19.

Ao mesmo tempo em que ele estava internado, a avó do Victor também adoeceu. Em um intervalo de duas semanas, tanto o filho da ex-esposa, quanto a avó dele, partiram.

Ali, o uso desenfreado de álcool piorou ainda mais e ele tentou tirar a própria vida pela primeira vez. Quando isso aconteceu, ele finalmente reconheceu que precisava de ajuda.

Uma tia trabalhava na Secretaria da Saúde e o apresentou para o CAPS. Apesar de se sentir um tanto relutante, ele começou a se tratar.

No CAPS, Victor teve acesso a psicoterapia e tratamento psiquiátrico. Embora tenha tido recaídas no meio do caminho, a jornada foi se tornando menos difícil a cada vez que ele pedia por ajuda.

Ainda no CAPS, ele descobriu que convivia com a depressão antes mesmo do álcool entrar na vida dele. O álcool apenas intensificou os seus problemas psicológicos.

O Victor também falou sobre como o machismo afeta os homens. Ele destacou a dificuldade em se abrir, falar dos próprios sentimentos e de achar acolhimento entre homens.

A necessidade de “ser macho” e de se “mostrar forte o tempo todo” é o que adoece muitos homens.

Além de tudo isso, ele também tocou em um ponto muito importante: por que a sociedade aceita o álcool, mas não aceita quem é alcoólatra?

Para ele, a bebida foi um inibidor de problemas. Ou seja, foi uma válvula de escape da realidade, pois fazia com que ele pudesse esquecer de tudo.

Ele está em tratamento há 3 anos. Hoje, aos 40 anos, ele está aprendendo a lidar com as próprias emoções e reaprendendo a viver sem o álcool.

Cada dia representa uma batalha. Porém, ele entende que é possível se divertir e ser quem ele é sem a bebida. Pelo menos, só por hoje.

Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5

Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador orelo.cc/historiasdeterapia

show more

Share/Embed