Citânia de Briteiros, vestígios de um passado distante, memórias de um povoado céltico - Portugal
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 Published On Premiered Oct 17, 2024

A Citânia de Briteiros é um sítio arqueológico céltico, da idade do ferro, situado no alto do monte de São Romão, na antiga freguesia de Salvador de Briteiros, município de Guimarães, em Portugal.
O sítio arqueológico da Citânia de Briteiros corresponde a um antigo povoado fortificado de grandes dimensões, com uma área total de cerca de 24 hectares, dos quais apenas cerca de sete hectares fazem parte da zona visitável, estando situado num lugar estratégico, nas margens do Rio Ave, e seu ponto mais elevado do Monte de São Romão, atinge os 336 m. de altitude. Este local foi provavelmente escolhido por permitir uma boa extensão do controlo visual, sobre a área em redor, e ao mesmo tempo tinha acesso fácil ao rio, com os seus recursos piscícolas.
Trata-se de um castro da idade do ferro, consistindo num povoado fortificado com os seus complexos amuralhados, preparado para defesa, em caso de ataque inimigo, composto por um núcleo urbano central no topo da colina, e um conjunto de muralhas que defendia o povoado em si. É considerado um dos principais sítios arqueológicos da proto-história em território nacional, tendo permitido um estudo aprofundado da cultura da época e organização urbana castreja do Norte do país.
Foram encontrados vestígios de uma complexa organização urbana, com uma malha de ruas a delimitarem zonas áreas públicas e privadas, e um grande conjunto de residências de formatos diversos, dois balneários, num dos quais foi descoberta a famosa laje conhecida como Pedra Formosa, e um edifício central de reuniões. ( Casa do Concelho ).

A colina foi habitada desde o neolítico ou ao calcolítico, mas o castro em si é muito mais recente, tendo atingido o seu auge entre os séculos II a I a.C. Porém, entrou em declínio após a conquista romana, tendo deixado de ser permanentemente habitado no século II d.C., embora a ocupação tenha-se provavelmente prolongado até ao século IV. E as ruínas conhecidas pelo menos desde o século XVI, os primeiros trabalhos arqueológicos só se iniciaram na década de 1870, por Francisco Martins Sarmento. A Citânia de Briteiros foi classificada como Monumento Nacional em 1910. Em 1930 iniciou-se uma nova fase de investigações arqueológicas, coordenadas por Mário de Vasconcelos Cardoso, presidente da Sociedade Martins Sarmento, que terminaram em 1968. Entretanto, entre 1956 e os finais da década de 1970 também se levou a cabo um conjunto de campanhas arqueológicas regulares, e em 1977 foi feita a primeira sondagem que se enquadrou nas técnicas de escavação introduzidas pela moderna arqueologia científica. Depois de trabalhos pontuais na década de 1980 e em 2002, em 2004 teve início uma nova série de estudos da Citânia de Briteiros, por parte da Sociedade Martins Sarmento e da Universidade do Minho.
A Citânia de Briteiros é um dos mais expressivos povoados proto-históricos da Península Ibérica, quer pela dimensão, quer pela monumentalidade das suas muralhas, urbanismo e arquitetura. Por outro lado, é um dos sítios paradigmáticos da História da Arqueologia Portuguesa e Peninsular. O seu estudo principiou em 1874, quando Francisco Martins Sarmento (1833-1899) dirigiu a primeira campanha de trabalhos arqueológicos. Nos anos seguintes continuou a descobrir ruínas e decidiu comprar os terrenos onde fica o castro, num gesto sem precedentes em Portugal.
No século XX as campanhas de escavação, ou restauro, foram retomadas por diversos arqueólogos, destacando-se Mário Cardozo, Presidente da Sociedade a que Martins Sarmento legou o seu nome, os sítios arqueológicos que adquiriu, a biblioteca, os manuscritos e as suas residências em Guimarães e Briteiros (Solar da Ponte).

Em consequência dos sucessivos trabalhos, é hoje visível uma extensa área de ruínas, tanto na plataforma superior (acrópole), como na encosta leste. Todavia, apesar das campanhas de estudo já realizadas, o subsolo do povoado ainda esconde muitos segredos e valiosa informação científica. A fase inicial de utilização do monte de S. Romão remonta ao Neolítico Final e Calcolítico, quando vários painéis com gravuras rupestres foram gravados na penedia granítica da encosta nascente. Enquanto habitat, a ocupação do local será datável dos primórdios do I milénio antes de Cristo, inserindo-se no período designado como Idade do Bronze Atlântico. No entanto, a fase áurea da Citânia estende-se entre o século II a. C. e o câmbio da Era, tendo sido ainda habitada após a integração do Noroeste Peninsular no Império Romano, durante os séculos I e II d. C.. No século X, uma pequena ermida cristã seria edificada na acrópole, entre os escombros do antigo povoado. As ruínas da Citânia, o seu subsolo, os objetos recolhidos testemunham, pois, milénios de história.
Diferentes materiais que testemunham esta ocupação podem ser observados no Museu da Cultura Castreja, no Solar da Ponte, em Briteiros.

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