14ª Papagaio Verde Amarelo - (PANKARARU) CANTANDO AS CULTURAS INDIGENAS
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 Published On Aug 29, 2024

Nosso território PANKARARU está localizado no Nordeste brasileiro, nos municípios de Petrolândia, Tacaratu e Jatobá, no alto sertão pernambucano. Antigamente, nosso povo vivia às margens do Rio São
Francisco, porém, nossas melhores terras foram roubadas e, hoje, parte de nosso território está invadido por não índios.


AS COMUNIDADES INDÍGENAS: KARIRI-XOCÓ, PANKARARU, XUKURU-KARIRI, PATAXÓ HÃHÃHÃE, TUMBALALÁ, TUPINAMBÁ, APRESENTAM:
"CANTANDO AS CULTURAS INDIGENAS"

Este trabalho é fruto da parceria entre as comunidades indígenas participantes e a ONG Thydêwá que, entre 2003 e 2005, contaram com a colaboração de Ricardo Pamfilio de Sousa, Sebastián Gerlic, Yakuy Tupinambá, Paula Castagnet, Erimita Motta, Luís Henrique Moreira,
Nico Czajca e Davi Pita que, em 2013, com o apoio do BNDES, produziram uma primeira versão piloto de um CD com um livro cartilha, em 100 copias.
Em 2008 a ONG Thydêwá através de edital público do CAPEMA, programa do Ministério da Educação, aprova o material para realizar uma edição atualizada, com tiragem de 1.000 exemplares. Esta edição é fruto da cooperação dos indígenas das etnias participantes com a Thydêwá e equipe: Helder Câmara Jr., TAO, Tais Nader, Gabi de Mello, Potyra Tê Tupinambá, Karine Pereira dos Santos e Sebastián Gerlic. Em 2013 se viabiliza esta impressão.
https://www.thydewa.org/wp-content/up...
Quem usar estes materiais deve citar o nome completo do livro e dar créditos a seu/s autor/es.
[email protected]

Nós, indígenas do Nordeste, temos muito em comum em nossas tradições. As invasões e os massacres começaram pelo Nordeste e, por isso, temos a força e a inteligência da resistência em nossas culturas. Muitas etnias foram agrupadas pela Igreja em aldeamentos multiétnicos, tanto para roubar as terras como para facilitar o domínio. Entre as seis etnias que fazem parte deste trabalho, podemos perceber as seguintes expressões musicais: Toré, Porancy e os Toantes.
Tradicionalmente, os cantos indígenas pulsam nas comunidades mantendo vivas nossas culturas. Os invasores tentaram nos silenciar. Tentaram exterminar todos os povos indígenas, mas resistimos, também, através dos cantos.
Na musicalidade de cada povo vive a memória de cada identidade.
Nos dias de hoje, para muitas comunidades do Nordeste, o cantar mantém viva a chama das culturas. Os cantos são canais de afirmação e de revitalização. Os cantos são também canais pedagógicos para essas comunidades e para a luta pelos direitos coletivos dos povos tradicionais.
Os cantos funcionam para comemorar e traduzir fatos históricos, pontos geográficos, animais das florestas e a vida indígena, em sua essência. Os cantos são praticados por pessoas de todas as idades: da criança ao ancião. Podemos observar que os cantos falam dos pássaros, da dor,
do sofrimento, dos louvores à espiritualidade e dos ritos, comemorando os momentos mais importantes dos povos, como festas, aniversários, casamentos, mutirões, colheitas, caçadas...
Nesta cartilha, partilhamos reflexões da dimensão pedagógica dos cantos. Aqui, professoras e professores indígenas, dividem conteúdos ricos da sabedoria tradicional através de nossa criatividade e metodologia de ensino. Os cantos são excelentes canais do ensino diferenciado, com repertório, muitas vezes bilíngue, de uma língua não mais falada. Na arte musical do Toré, do Porancy ou dos Toantes, ao cantarmos no dialeto nativo, estamos fortalecendo a cultura indígena. Atravessamos os tempos da história chegando aos dias atuais com uma força de afirmação étnica e de reconhecimento de nossos direitos sobre as nossas terras, educação e saúde diante do Estado Brasileiro.
Neste trabalho, muitos cantos estão no idioma nativo de dois troncos lingüísticos, Tupi e Macro-Jê, mas é comum encontrar as músicas indígenas na língua portuguesa, resultado da presença da Companhia de Jesus no Nordeste, que proibia as práticas culturais dos povos das
Américas. De primeiro, os cantos eram praticados na Natureza, depois nas aldeias e nas roças; hoje, são praticados também nas salas e nos pátios das escolas indígenas.
Os professores e os alunos estão mudando o ensino indígena, valorizando anciões, adultos e mestres cantadores de Toré, Toantes e Porancy, uma resistência na qual os antepassados indígenas, primeiros habitantes desta terra, estão presentes.
Encontrar povos indígenas com essas tradições de Toré, Toantes e Porancy merece nossa especial atenção. Os índios são grandes heróis da resistência, morando em comunidades e resguardando áreas de Mata Atlântica, Caatinga e outros tipos de florestas.
Muitos povos ainda estão buscando o reconhecimento de suas terras ou parte de seus territórios roubados, muitos destes que já foram até transformados em cidades.

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