Os recintos murados da vila de Alcalá foram o resultado de sucessivas modificações e ampliações durante vários séculos.

Primeiro recinto da vila

Em 3 de maio de 1118 o arcebispo de Toledo Bernardo de Sedirac (1086 – 1124) ganhou Alcalá la Vieja aos muçulmanos, ficando sob sua jurisdição. Após a conquista, a vila conheceu uma etapa de prosperidade económica, graças aos privilégios para fazer feiras de gado que concederam os reis castelhanos Afonso VIII e Afonso X. As necessidades defensivas, próprias da insegurança política e militar do momento, fazem com que o arcebispo Rodrigo Ximénez de Rada (1209 – 1247) decida amuralhar a vila medieval (denominada então Burgo de Santiuste) e construir umas casas arcebispal no lugar que hoje ocupa o Palácio Arcebispal. Esta construção inicial foi realizada na segunda metade do século XIII, era de forma circular. Abria um espaço intramuros de 37 hectares, e dispunha de sete portas: a de Madrid, a de Santa Ana o del Postigo, a del Vado, a de Fernán Falcón, a de Guadalajara, a de la Judería e a de Burgos.

Fortaleza do arcebispo

Durante o arcebispado de Pedro Tenorio (1377-1399) foram reedificadas amplas áreas da cerca que rodeava o Palácio Arcebispal, alterando o seu traço no sector meridional. O conjunto murado, que defendia o palácio, consistia em 22 torreões (dos quais hoje se conservam 16). Como marca pessoal das reformas impulsionadas pelo arcebispo Tenorio, inseriu o seu escudo nos torreões números 13 e 15, situados na actual rua Cardenal Sandoval e Rojas; e num terceiro que leva o seu nome (Torreón de Tenorio), localizado numa esquina do Palácio Arcebispal, junto à praça das Bernardas.

Segundo recinto da vila

Por volta de 1454, o arcebispo Alonso Carrillo de Acuña (1446-1482) inicia a sua construção ampliando-a para o leste, além da praça do Mercado (atual praça de Cervantes) e o mosteiro franciscano que tinha acabado de fundar (posteriormente denominado de San Diego, e na atualidade quartel do Príncipe.) Abre duas novas portas na área leste: a Puerta de Guadalajara (na atual praça Puerta de Mártires) e a Puerta de Aguadores (na praça dos Doctrinos). A ampliação acabou de ser levantada por volta de 1475, e aumentou com 294.240 m² o recinto murado. Em 1565 foram contabilizados 39 torreões retangulares, com rodapé de alvenaria, e unidos por telas almenadas de fábrica mudéjar (construídas à base de tijolo, almpuesto e tapial).

Hoje, no recinto murado de Alcalá de Henares conserva-se quase completamente a fortaleza arcebispal: uma área de cerca de 700 metros que rodeia o Palácio Arcebispal e 16 torres. O segundo recinto foi demolido no século XIX, ficando a Puerta de Madrid e o Arco de San Bernardo.

Função

As muralhas tinham múltiplas funções: defensiva, fiscal e simbólica. Constituíam o elemento fundamental que definia a imagem da vila medieval. Servia para protegê-la militarmente e controlar seus acessos. Além disso, estabelecia o limite do quadro jurídico e fiscal de que gozavam os seus habitantes, frente aos menos privilegiados habitantes de extramuros.

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