Uma visita ao cemitério histórico de São João Del-Rei
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 Published On Mar 28, 2018

Vista interna do Cemitério do Carmo, um dos
raros cemitérios antigos do país que possui
cobertura (salvo engano, é o único). O extremo
cuidado com este cemitério deu origem ao jocoso
comentário de que "a irmandade de Nossa
Senhora do Carmo cuida bem melhor dos mortos
do que dos vivos". O local serviu de cenário para
alojar uma das lendas registradas por Lincoln de
Souza em seu livro "Contam que...". Trata-se da
lenda do "Irmão Moreira, filho de uma das mais
distintas famílias são-joanenses, era Francisco
Moreira da Rocha um incorrigível estróina, cuja
vultosa fortuna dissipava à larga com bebidas,
mulheres fáceis, jogatinas e toda sorte de pândegas e libertinagens. Sua fama correra todos os quatro
pontos cardiais da cidade. Era o terror dos lares honestos. Não havia quem lhe desconhecesse as aventuras
escandalosas, e a vida dissoluta que levava parecia jamais ter fim. Certa vez, porém, errava a horas mortas
pelas imediações da Igreja do Carmo quando, inesperadamente, saindo de uma esquina, passou rente a ele
uma estranha mulher, alta, ondulante, de grandes olhos perturbadores, elegantíssima em rico vestido negro,
como um lírio envolto em crepe... Moreira acompanhou-a, fascinado. Falou-lhe. Ela sorriu, sem responder.
E, como um sonâmbulo, sem que desse por onde andava, entrou em casa dela - uma casa muito branca,
inteiramente de mármore e cercada de ciprestes... No outro dia, com o corpo dolorido, os membros lassos,
entorpecidos, despertou. Nem no leito de plumas em que se deitara na véspera, nem nos braços de seda
daquela misteriosa criatura, que nem uma única palavra sequer pronunciara, mas sobre uma lousa fria do
cemitério do Carmo! Moreira compreendeu, imediatamente, transido de pavor, que a mulher com quem ele
dormira não era senão o demônio, ao qual sua alma talvez já pertencesse de todo. Numa inquietação que
aumentava cada vez mais, sob uma crise de nervos raiando pela loucura, procurou depressa um padre, a
quem contou o que lhe sucedera. Depois de confessar seus pecados e profundamente arrependido, assentou
de levar vida pura e piedosa. Para começar, no mesmo dia retirou do banco seus haveres e distribuiu-os
com a pobreza e instituições de caridade. Em seguida, tomando um hábito e com o nome apenas de Irmão
Moreira, saiu para o mundo, esmolando para os necessitados, pregando o bem e curando enfermos, como
Jesus, com o simples contato de suas mãos."

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