“Como se diz no candomblé: Cosi euê, Cosi orixá, ou seja, se não tem folha, não tem Santo, pois o candomblé é feito de uma mistura alquímica de todos os elementos que existem.”

Esta entrevista aborda o que, segundo informa o Babalorixá Anderson Sandandi, é uma das partes mais importantes para o culto do candomblé, as folhas e as ervas.
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Confira trechos transcritos da entrevista a seguir:

Quando você faz um chá, você extrai daquela planta uma substância capaz de apaziguar o corpo. O Ossanha da folha, ou a vida da folha, é a mesma essência capaz de apaziguar a alma.

Então, se você tomar um chazinho para acalmar, vai ter uma substância ali que vai dar um carinho e acalmar o teu corpo.

Mas sabe aquele momento de pegar o chá, inalar o vapor, sentir o aroma e automaticamente entrar nesse estado de apaziguamento?

Isso é o Ossanha. Isso é a magia da folha. E essa magia trazida pelas folhas é a capacidade que o Ossanha – o orixá – tem de despertar o orixá de cada um.

Uma lenda nos conta que Ossanha era dono de todas as folhas. E aí, muito guloso como todo grande mágico, como todo grande mestre, Ossanha guardou todos os segredos para si.

Num determinado momento, os orixás acharam que era indevido tanta vida, tanta força, tanto poder ficar obsoleto, guardado em algum lugar.

Oyá – sempre a mais intrépida, por assim dizer, de todas as iabás – resolveu ventar suas folhas, derrubando as cabaças de Ossanha e todas as folhas espalharam-se pelo chão.

Ossanha, então, começou a catar as folhas, e todos os orixás ao mesmo tempo também o fez.

Foi quando Ossanha parou e disse e disse: eu aceito que vocês compartilhem das folhas comigo, mas o segredo do seu chamado será só meu.

A partir daquele momento, dentro do culto do candomblé, passou a ser possível trazer qualquer orixá para o mundo através de uma folha. Não mais sendo necessário para tudo o sacrifício do sangue. Não sendo mais necessário para tudo o sangue vermelho, o sangue branco mas, para tudo, é preciso “sangue verde”.

#Candonblé #Babalossaim #erva