Marcelino Freire - Episódio 2 - Série Tão Longe, Tão Perto
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 Published On Oct 29, 2014

Num poema de fôlego, o cão, o rio, a mulher que sai da ostra, Recife aberta como a fruta “trabalhando ainda seu açúcar depois de cortada”. João Cabral de Melo Neto emerge do rio e não está só. Leva junto e pela mão Manuel Bandeira que entendia do bicho homem, leva também Caetano Veloso. It’s a long, long, long away. É preciso essa gente toda, diz o poeta Marcelino Freire, para se atravessar e suportar as esquinas da vida.

É também preciso partir. Foi a cidade de São Paulo, com seus dentes cinzas, seus rios de negro concreto, que fez Marcelino abrir a ostra de sua infância, a pérola de reconhecer-se sertanejo. Ele fala sobre o homem bicho, refestelando no caos urbano com a dificuldade de um cão no rio, mas também traz a agonia da juventude, a moleza do Nordeste, tudo num berro. É autor dos livros AcRústico (1995), EraOdito (1998), Angu de Sangue, BaléRalé (2003), Contos Negreiros (2005), Rasif - Mar que Arrebenta (2008), Amar é crime (2010) e Nossos Ossos (2013).

O segundo vídeo da série Tão Longe, Tão Perto pega sem medo a mão do poeta inquieto. Marcelino fala sobre um Brasil dos improvisos e da ternura, dos gritos que não podem e nem querem ser contidos, e do legado de teimosia e de inconformismo de sua escrita. Porque sem poesia teimosa, a vida é uma rua comprida com todas as luzes queimadas, e um cão com sarna que nela vagueia.

A websérie Tão Longe, Tão Perto acompanha o estudo e a pré-produção do filme documentário Largou As Botas e Mergulhou No Céu, que será rodado no próximo verão.

A proposta da série é trazer experiências e ideias de gente que trabalha diante das questões sociais, políticas e culturais brasileiras, seja da antropologia ao cinema, do debate acadêmico ao das ruas.

O leque de entrevistados – cada um dos episódios traz uma conversa sob a mesma estética de enquadramento e linguagem – passa por literatura, música, cinema, televisão, arquitetura, design, sociologia etc., para, a partir da área de atuação do personagem, levantar os principais temas, questões e aflições da contemporaneidade.

De forma geral, Tão Longe, Tão Perto visita os trabalhos e divagações dos entrevistados para construir um raciocínio sobre a nossa sociedade atual.

Da série, que começa a ser publicada no mês de outubro no Espaço Húmus, a equipe vai absorvendo o engajamento teórico para contar no documentário Largou As Botas e Mergulhou No Céu histórias comuns aos brasileiros, objeto de pesquisa e criação dos entrevistados deste momento de estudo.

Passada a série, o documentário tentará mostrar na prática todos esses contrastes, inquietações e particularidades da população brasileira por mais de dois meses de viagem, de dezembro até o Carnaval, tendo como área de abordagem o sertão e o litoral nordestinos – o Nordeste é a região escolhida para o projeto, ainda que não se trate de um trabalho com foco regional ou limitação geográfica.

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A equipe é formada por Bruno Graziano, Paulo Silva Jr., Raoni Gruber – trio que realizou o documentário O Acre Existe (estreia no Canal Brasil em 28 de outubro) – e Cauê Gruber.

A websérie Tão Longe, Tão Perto estreia em outubro e terá 10 episódios entre as semanas que antecedem a viagem a o período da própria produção do documentário.

O filme Largou As Botas e Mergulhou No Céu será produzido entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015 e tem previsão de lançamento no segundo semestre de 2015.

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