Franke Dijkstra nasceu na Holanda. Ao Brasil, ele chegou menino, aos cinco anos de idade, em março de 1947.
Com os pais e os irmãos, fixou-se no atual município de Carambeí, na região dos Campos Gerais do Paraná, o qual se notabiliza por ter acolhido muitos imigrantes holandeses.
Os Dijkstra tinham vocação para trabalhar com gado leiteiro, tanto que trouxeram com eles, no navio, 40 novilhas e um touro, quando trocaram a Europa pelo País Tropical.
Mas aos 12 anos Franke já dirigia tratores e, aos 19, tocava terras por conta própria, criava porcos e prestava serviços para outros agricultores, inclusive arando terras.
Visionário, ele percebeu que o solo arenoso e raso da região não duraria muito tempo sendo constantemente revolvido e, sem cobertura vegetal, ficando exposto à erosão entre uma safra e outra.
Começou a pesquisar soluções, no início dos anos 1970. Encontrou no Plantio Direto a salvação para as suas e muitas outras lavouras. Ao lado dos amigos Herbert Bartz (1937-2021) e Nonô Pereira (1938-2015), fundou a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP), em 1992.
No entanto, desde meados dos anos 1970, esse trio trabalhava intensamente e gratuitamente – muitas vezes desembolsando dinheiro – para divulgar o Plantio Direto e convencer mais agricultores a adotarem o Sistema que viabilizou o atual grau de desenvolvimento do agronegócio no Brasil.
Quando Herbert Bartz plantou a primeira safra sem arar o solo, em 1972, no município de Rolândia, mais ninguém fazia isso comercialmente no País.
Em 1980, já eram130 mil hectares sob Plantio Direto. Uma década depois, em 1990, um milhão de hectares. E os três não se cansavam de dar palestras em cidadezinhas ou de promover grandes Encontros com centenas de participantes.
Em 1998, dados da FEBRAPDP indicavam que 10 milhões de hectares estavam sendo cultivados sob Plantio Direto no Brasil, preservando 100 milhões de toneladas de terra fértil por ano.
Neste ano de 2022, o Plantio Direto completa 50 anos de história no Brasil, atingindo uma área de 35 milhões de hectares. A FEBRAPDP estima que entre 15% a 20% de toda essa área seja cultivada como determina o Sistema Plantio Direto, com todos os seus princípios. Ou seja, ainda há muito a se fazer do ponto de vista educativo. Por isso, Franke Dijkstra não para, mesmo tendo perdido os grandes companheiros Bartz e Nonô.
Em 2020, lançou o livro “O solo ensinou – Um caminho para o futuro”, o qual ganhou versão em inglês em 2022. É uma obra repleta de dados históricos e científicos, com muitas fotos e gráficos. Leitura obrigatória.
Aos 81 anos, Franke Dikstra continua disposto a falar e a ensinar. É o que fez na entrevista que apresentamos neste vídeo. Assista. Compartilhe.